VAMOS RECEBER ENTREVISTA: SANDRO BARROS

Admiramos o trabalho do querido Sandro Barros há muitos anos. Seus vestidos apaixonam, fazem suspirar e costumam fazer parte de momentos sempre muito especiais, do tipo que se guardam na memória com todo carinho.

Mas basta procurar saber um pouco mais sobre a história de Sandro Barros que um outro talento não menos incrível se revela: o talento para receber.

Talvez seja pelo olhar treinado para o que é belo, talvez seja pela gentileza tão natural com todos que o rodeiam – possivelmente ambos – Sandro Barros é um anfitrião admirável, conhecido pela criatividade e elegância de suas mesas e por encontros em que, como em seus vestidos, absolutamente tudo, em cada detalhe, é impecável.

Sandro, querido, muito obrigada por dividir um pouco desse seu maravilhoso talento conosco.

Vamos à entrevista? 

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Vamos Receber: Como surgiu a paixão por receber bem?

Sandro Barros: Sou de uma família italiana e todos os eventos de nossas vidas acabam ou começam ao redor de uma mesa farta. Ainda criança adorava preparar o café da manhã no domingo, como na TV, para surpreender meus pais, sempre preparando mais do que se podia comer. Sempre fui exagerado, puxei minha mãe.

Vamos Receber: Uma louça que ocupa lugar especial no louceiro e no coração e a história por trás dela.

Sandro Barros: Difícil escolher a que mais amo, mas três delas se destacam: O serviço Rainha Victoria do Herend que foi feito especialmente para nós, com a borda rosa (o comum é verde) e com o monograma do meu casamento; o serviço com pássaros Rothchild com a borda Caille e cada prato com a borda de uma cor diferente (a borda Caille é muito rara e trabalhosa, o comum nesse serviço é um acabamento na borda em verde folha); e o serviço Imari do Século XVIII que comecei aos poucos arrematando em leilões, depois ganhei alguns de casamento de Naty Abascal e cuja coleção terminei num antiquário em Kyoto – já posso usar esse serviço para 12 pessoas sentadas, embora ainda não tenha tido a oportunidade.

Além desses, amo Cia. das Índias em geral, Herend, Meissen, Richard Ginori, Alberto Pinto, Anna Weatherley, Vista Alegre e meu sonho de consumo é o serviço Flora Danica Royal Copenhagen.

Vamos Receber: Quais foram os principais cuidados do bem receber em casa que você fez questão de levar para o Atelier.

Sandro Barros: Tudo. O Atelier é uma extensão da minha casa e da Renata Queiroz de Moraes, minha sócia. Nos preocupamos com todos os detalhes. Prataria, louças e cristais estão em uso no Atelier desde o dia zero. O perfume da loja, que foi desenvolvido especialmente para nós, assim como os mimos – chocolates, cafés, champagne, bem-casados, flores – estão sempre impecáveis.

Vamos Receber: Conte-nos um pouco como costuma receber para jantares formais.

Sandro Barros: Em casa gosto de convidar apenas os mais íntimos, e a quantidade certa de cadeiras. Nesse momento estou preferindo jantares franceses, mais confortáveis e acho que os convidados estão amando. Deixo uma mesa posta de aperitivos e o copeiro passa as entradas quentes. Já à mesa, gosto de servir de três a quatro pratos além da sobremesa. O café gosto no living. Sigo à risca a etiqueta espanhola e a regra francesa para o placement.

Vamos Receber: Em sua opinião, quais são principais regrinhas de etiqueta que todo bom anfitrião deve seguir.

Sandro Barros: Nunca constranger os convidados com excesso de frescuras à mesa, não beber demais, saber variar os assuntos, fazer uma lista de convidados agradável e manter o pet fora do circuito (afinal, nem todos os convidados podem se sentir confortáveis de interagir com ele). Também acho importante o anfitrião estar relaxado e se divertir.

Vamos Receber: Um cardápio dos sonhos por Sandro Barros.

Sandro Barros: Meu sonho sempre foi servir o menu do filme “Fete de Babette” de Gabriel Axel, mas sei que hoje isso seria impossível, até porque alguns ingredientes nem mais são comercializados. No entanto, em Paris, o L’Atelier serve uma codorna com foie gras e trufas negras, que lembra o prato Cailles en Sarcophage que é  servido no filme.

Se o jantar é muito formal, o cardápio é encomendado com a chef Joyce Dabbah, do L’Epicerie. Quando os convidados são mais íntimos, eu mesmo cozinho: salada verde com figos grelhados no açúcar mascavo, lascas de parmesão e presunto parma crocante, mini cuscuz paulista de camarão com molho quente vermelho de camarões na pimenta, alguma massa trufada e lombo ou medalhão de filé mignon com legumes assados para terminar. O cuscuz é a minha especialidade (a receita está aqui). Para sobremesa, sempre ofereço um sorvete com marron glacé que minha amiga Lucila Mattarazzo ensinou, cheese cake com calda de frutas vermelhas, alguns queijos e frutas da estação.

 Vamos Receber: Algumas das mesas de almoço e de jantar mais bonitas e bem postas que já viu.

 Sandro Barros: As mesas mais lindas que já vi são as da Liana Moraes e da minha sócia Renata Queiroz de Moraes. Vou relatar apenas três inesquecíveis.

O almoço que a Liana fez antes do nosso casamento foi deslumbrante, eram quatro mesas, cada uma de uma cor e com uma louça diferente, compreendendo Cia das Índias azuis com flores rosa e copo azul; folha de tabaco com copos verdes; rosas e cravos cor de rosa do Herend com copos rosa; flores coloridas, cada prato com uma cor, também do Herend com copos amarelos. Todos os centros tinham orquídeas de várias cores.

O jantar de aniversário da minha sócia Renata. Eram cinco mesas entre verde e rosa intercaladas, todas as louças do Herend verde ou rosa, copos verde ou rosa, guardanapos Victoria Mills com monograma e desenho de algum detalhe bordado da louça respectiva e, para cada centro de mesa, a Isabella Suplicy fez um bolo em forma de sopeira Herend combinando, todas com flores naturais dentro, cobertas pela tampa.

O jantar que fizemos para Naty Abascal após o meu desfile de 10 anos de carreira foi inesquecível também e lançou moda das mesas gigantes, que há muito não faziam. Eram 54 pessoas sentadas, social completo, todos os jogos americanos e guardanapos Ligia Mattos eram iguais, assim como os copos de cristal e ouro St Louis. No entanto, cada lugar tinha um prato diferente, todos tropical chic de Alberto Pinto, pratos de pão dourados William Yeoward e Capodimonte. O centro de mesa levava orquídeas, abacaxis de cristal William Yeoward, porta-abacaxis do Baccarat, castiçais de prata e vermeil, pássaros esculpidos com pedras brasileiras e cristal de rocha, um arraso. Tudo ao som de bossa-nova com um quarteto ao vivo. Realmente uma noite histórica.

Vamos Receber: Há algum ritual que costuma seguir ao se preparar para receber e evitar que algum detalhe seja esquecido? Qual?

Sandro Barros: Para jantares pequenos em casa faço uma lista com tudo que quero usar e servir duas semanas antes. A mesa arrumo um dia antes e as flores algumas horas antes. Fico até o último minuto conferindo e medindo tudo. Também tenho um livro em que anoto cada jantar: os convidados, as louças, os copos, os anéis de guardanapos, toalhas e guardanapos, menu e flores. Procuro evitar repetir a louça e o menu para as mesmas pessoas. Amo a surpresa no rosto dos convidados quando chegam e sempre encontram uma novidade à mesa.

Vamos Receber: Em sua opinião, qual o melhor momento e o melhor lugar para servir o cafezinho depois de um almoço ou jantar.

Sandro Barros: Sempre no living, mas se o papo à mesa estiver ótimo eu não corto o clima e sirvo ali mesmo. Depois faço uma nova rodada no sofá.

Vamos Receber: Alguns cuidados indispensáveis para garantir uma noite animada na companhia de amigos queridos.

Sandro Barros: A lista dos convidados deve ser muito bem planejada. É uma delicia ter pessoas que não se conhecem, mas que você tem certeza que vão se dar bem. E o básico: gelo, boa música e bebida de qualidade.

Esperamos que tenham gostado.

Um beijo!

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