As Orquídeas da Primavera

A estação do ano mais florida e perfumada chega no final desta semana. Para celebrar esse momento, já estamos cultivando todo o nosso amor pelas espécies mais lindas e delicadas que conhecemos: as orquídeas!

Nossa querida colunista, a jornalista, jardineira e apresentadora Carol Costa, do site Minhas Plantas, fez uma pesquisa sobre 11 tipos de orquídeas da primavera e por aqui nos conta uma série de curiosidades e sabedorias sobre elas!

orquídeas da primavera

“Quem primeiro avisa a chegada da primavera aqui em casa é sempre o Dendrobium anosmum — e da forma mais trágica possível. Tenho essa orquídea há dez anos e sua pontualidade nunca falha: é começar agosto para ela perder completamente todas as folhas. É uma cena chocante ver o vaso com aquele monte de caninhas peladas, como se estivesse prestes a morrer. O que parece uma orquídea se despedindo, no entanto, é a planta dando um alô para a vida: em poucas semanas, surgem do nada umas verruguinhas que vão inchando, ficando pontudas e assumindo a feição de botões. Dezenas deles pipocam aqui e ali, enfeitando os pseudobulbos pendentes do Dendrobium. E então, numa manhã de primavera, o vaso onde morava uma orquídea feinha e verde acinzentada de repente vira uma explosão de 92 flores pink, rosadas e perfumadas.

Essa renovação quase mágica das plantas aparece por todo o canto. Há tesouros por toda a parte para quem tem olhos aguçados pra ver miudezas verdejantes. É na primavera que a Acacallis cyanea floresce, que as chuvas-de-ouro “caem” por todo o canto, competindo com as acácias pelo dourado mais bonito do Brasil. Somos, aliás, o berço de muitos Oncidium, o gênero que popularmente é chamado de chuva-de-ouro em homenagem à cor das flores muito duráveis que recobrem as longas hastes dessas orquídeas.

Fáceis de cultivar, essas plantas gostam de crescer coladinhas às árvores, num abraço delicado que garante sombra, umidade e ventilação, sem jamais retirar nada de suas anfitriãs de grande porte — assim como bromélia, samambaias e tantas outras espécies epífitas, orquídeas não são parasitas e crescem em árvores numa relação bela e harmoniosa. Que seres incríveis são essas verdinhas, hein? Mesmo um tronco morto, apodrecendo, ainda fica enfeitado de pétalas de orquídeas por muitas décadas, como se suas fiéis hóspedes tivessem dificuldade de se despedir da amiga.

As orquidáceas pequeninas também amam o calor fresco da primavera. Durante os meses de setembro, outubro e novembro, florescem muitas Maxillaria, como a M. tenuifolia, com seu inconfundível cheirinho de cocada, e a M. schunkeana, a bela orquídea-negra, uma “panterinha” brasileira que encanta os colecionadores. Da Robiquetia cerina, com o cacho de florzínculas mais parecendo um brinquedo, às minúsculas pétadas triangulares e rajadas da Dryadella zebrina, tudo quanto é micro orquídea se veste de cor para atrair a nossa atenção.

Perfumes também estão garantidos nos meses que antecedem o verão. A Miltonia flavescens, por exemplo, exala um doce aroma de limonada. Os passarinhos plantaram uma grande touceira dela numa velha sibipiruna perto de casa e toda vez que passo embaixo da árvore sinto o cheirinho cítrico que vem das flores dessa orquídea brasileira tão pouco valorizada. Chegando perto do Dendrobium loddigesii, você sente o perfume de mel que suas flores brancas e amarelas exalam — até as abelhas se confundem! E, claro, há a adorável Laelia purpurata var. carnea com sua enorme florada que tem a fragância sensual e  envolvente da dama-da-noite.

Difícil de cultivar se você não tiver um cafezal, a Ionopsis utricularioides é uma das minhas queridinhas da estação. Suas hastes longas, finas e curvas fazem um desenho lindo de cachos pendentes, salpicados de flores minúsculas e lilases, que duram meses se a estação não for muito chuvosa. Uma pena que sejam de cultivo difícil, então, deixo para admirá-las quando começam as exposições de orquídeas em vários cantos, repletas de maravilhas cultivadas de forma sublime por alguns apaixonados.

Dicas para cuidar das orquídeas

Ainda que a florada exuberante de algumas plantas pareça ser algo inacessível a nós, leigos, ter orquídeas em casa é simples, prazeroso e terapêutico. Essas plantas amam umidade, afinal, espécies tropicais que são, gostam de calor, sombra e água fresca. Molhe abundantemente, mas sempre deixe que a água escorra pelos furos do vaso — orquídea plantada direto em cachepot dá mil vezes mais trabalho do que a que está num vaso furadinho. Antes de aguar a planta novamente, toque o substrato com a ponta do dedo: se estiver úmido, adie a rega mais um pouco. Deixe em local ventilado, onde sua orquídea possa receber sol fraquinho ou muita claridade, adube uma vez por mês com bokashi (adubo orgânico) e se prepare para as flores!”

Adoramos, Carol! E vocês?

Aproveitamos para noticiar que no próximo sábado, dia 23 de setembro, às 15h, Carol lança o seu livro Minhas Plantas – Jardinagem para Todos (Até Quem Mata Cactos) na Saraiva do Pátio Higienópolis, em São Paulo. Para quem gosta do assunto, a dica é a pré-venda com presentes e surpresas para os primeiros 300 compradores. Carol conta mais sobre isso no seu site, vejam aqui!

Beijos!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *